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Atempadamente

O emprego deste advérbio, utilizado como pretenso sinónimo das expressões “dentro do prazo”, “em tempo oportuno” e “a tempo”, entre outras, foi e é ainda um dos maiores dislates praticados com a língua portuguesa .
Começou a ser proferido com certa regularidade nos anos 80 e 90, nomeadamente por políticos. Dos políticos à classe jornalística e aos gestores foi um pequeno passo, mas confinou-se praticamente a estes actores sociais. Chegou a ser politicamente correcto intercalar o termo em discursos, em publicações e até em relatórios de todo o cariz.
Contudo, a maioria dos portugueses não aceitou tal imposição, abolindo aquela palavra do seu vocabulário quotidiano, pois não significa o que os seus autores pretendiam. Na verdade, “atempar” quer dizer, em português antigo, marcar prazo, determinar ou delimitar o tempo em que certa acção deverá ocorrer, aprazar, etc..
Compulsando o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, encontra-se o verbo “atempar” com a seguinte descrição: “fixar tempo ou prazo (para alguma coisa), ajustar, aprazar, assentar, atermar, combinar, concertar, conchavar, concordar, definir, designar, determinar, emprazar, estabelecer, firmar, fixar, marcar”. Daí o facto da expressão "O governo assinou o decreto atempadamente" não significar "O governo assinou o decreto dentro do prazo (legal)" , mas sim, "O governo assinou o decreto, fixando um prazo".
Tenhamos bom senso; não utilizemos os termos da nossa língua a nosso bel-prazer, mas empreguemo-los morfológica, sintáctica e semanticamente de forma correcta.
Por mera coincidência (?!), na altura em que o advérbio começou a circular nos meios de informação, estava em emissão uma novela brasileira, cujo personagem principal proferia com muita convicção: - Vamos pr’afrentemente!

1 comentários:

esta foste tu que me ensinaste!

beijinhos!

cristina

3 de julho de 2009 às 09:07  

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